Beco do Batman: mais de 30 anos de história

Quem desce a Rua Luis Murat, aos fundos do Cemitério São Paulo, talvez não imagine o que se esconde logo na primeira entrada à direita. O acesso para a Rua Gonçalo Afonso é a porta de entrada para um labirinto artístico onde é possível se perder com a beleza e a mensagem que as pinturas transmitem ao passante. O Beco do Batman é atração da Vila Madalena há mais de 30 anos.

O artista plástico Rui Amaral é um dos pioneiros do graffiti no Brasil e junto a outros grafiteiros deu início às pinturas nesse local que é uma das atrações da Vila Madalena. “O local era abandonado, as pessoas tinham medo de passar ali à noite. Conheci artistas do bairro e começamos a pintar toda semana”, lembra.

O Beco do Batman recebeu esse nome devido a um desenho do homem-morcego que apareceu naquele ponto do bairro. Foto: Ludimila Honorato

Depois que as paredes estavam tomadas por desenhos, os artistas levaram a ideia para outros bairros da cidade, mas o local não foi deixado de lado. Em 1997, a ONG Cidade Escola Aprendiz se instalou na Vila Madalena, e os alunos das oficinas de arte passaram a fazer a manutenção dos desenhos.

Para quem aprecia ou é agente das transformações, o Beco é uma referência desde a década de 1980 e está sempre de cara nova. A jornalista Cristiane Salgado Nunes é uma admiradora dessa arte urbana.

O graffiti representa a arte próxima das pessoas. Sempre que retorno lá [no Beco], fico encantada, acho um dos lugares mais legais e que mais representa a cara de São Paulo.

Alguns carros passam pela rua estreita, mas é a pé ou de bicicleta que se pode admirar as cores vibrantes ou o preto e branco, os desenhos abstratos ou realistas expostos na galeria a céu aberto.

Passagem pelo Beco do Batman. Foto: Ludimila Honorato

Com o objetivo de transformar a paisagem urbana, e principalmente protestar contra o sistema, o graffiti passou por mudanças, ganha cada vez mais adeptos e é considerado uma obra de arte, sendo diferente da pichação, embora ambos tenham a mesma origem, explica Amaral.

O graffiti é ilegal, arte urbana que não pede autorização, ato de protesto, mas tem um lado que está sendo cooptado pelo sistema.

O grafiteiro ainda espalha sua arte por São Paulo e tem um projeto semelhante ao Beco do Batman na Travessa Ipojura, Zona Norte, com 100m² em formato de S.